1 de março de 2014 | 11:39 Autor: Fernando Brito
Não é nenhum site esquerdista, ressentido com o aprisionamento de Dirceu, Genoíno e outros petistas.
É o vetusto Estadão que, com base nas investigações que
levaram a Justiça a proibir, por cinco anos, a multinacional alemã
Siemens de contratar com o poder público no Brasil, publica:
Diz o jornal que os documentos recolhidos durante a sindicância feita
na empresa – que foi a base da decisão judicial – mostram que um
contrato no valor de R$ 5,3 milhões (R$ 8,7 milhões, atualizado) para
fornecimento de sistemas eletrônicos de movimentação e triagem de carga,
teria gerado uma comissão de R$ 150 mil (ou R$ 250 mil, em dinheiro de
hoje) para os integrantes do grupo de Roberto Jefferson que controlava a
Diretoria de Administração e a de Recursos Humanos dos Correios.
Pois muita gente se esqueceu que Roberto Jefferson não foi “apenas” um recebedor de dinheiro do suposto mensalão.
Está denunciado por, ele próprio, comandar um esquema de corrupção
com seus indicados dentro dos Correios. A denúncia do MP – fora do
Supremo – está aqui.
E este é o ponto, tão esquecido, que o Estadão hoje lembra:
“Jefferson denunciou o mensalão depois que a revista Veja
publicou, em maio de 2005, reportagem que abordava o esquema na estatal.
A reportagem citava vídeo em que Maurício Marinho recebia R$ 3 mil de
propina de um empresário – até hoje, este empresário nunca foi
identificado. Na gravação divulgada, Marinho também revelava ser
apadrinhado por Roberto Jefferson.
Três semanas depois, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo,
Jefferson revelou o mensalão. O então deputado alegou ter visto digitais
do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, também preso atualmente,
no vazamento do vídeo. Jefferson acreditava que o PT desejava ocupar o
espaço do PTB nos Correios. Daí porque, no seu entender, tentava
incriminar Marinho, seu apadrinhado.”
É aí que estão “os instintos mais primitivos” do “herói do mensalão”.
O de vingança de quem lhe desmontou o maná.
Esta é a fonte contaminada deste processo político, no qual certamente que há irregularidades.
Nenhuma maior, porém, que o endeusamento de um delator movido pela
vindita a quem achava que havia lhe tirados os doces e a tentativa de
politizar, a seu favor, um caso onde estava comprometido até a medula.
E que de vingativo foi transformado em vingador pela mídia, ao ponto de um leitor da Folha sugerir que se lhe fizesse uma estátua “como herói nacional”.
Sobre estes moralistas – dos quais honradez passa longe – este sábado de Carnaval é bom para recordar a piadinha:
- Você sabe porque gringo samba sacudindo os dedinhos levantados?
- Não, por que?
- Para que não lhe olhem os pés…
Brasil 247
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