10 de março de 2014 | 17:58 Autor: Fernando Brito
O tucanismo e a incompetência dos jornais paulistas repetiu, repetiu e repetiu as explicações oficiais do Governo de São Paulo.
Explicações distorcidas, como este Tijolaço vem mostrando e detalhou hoje cedo.
Agora, não é mais um blog quem diz que o Governo paulista está agindo
irresponsavelmente e escondendo as informações sobre a situação
dramática do abastecimento de água da grande São Paulo.
É o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, o
órgão técnico que deveria estar administrando o uso da água, que foi
usurpado pela Sabesp, porque ela está agindo fora do plano de outorga
que lhe dá direito a administrar as comportas das represas.
O órgão, agora há pouco, segundo o Estadão, divulgou
uma nota de esclarecimento “acusando o governo do Estado e a Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) de transmitirem “a
falsa impressão” de que o problema da falta de água está controlado”.
O grupo, formado por engenheiros e representantes de 73 municípios
integrantes das bacias que se alimentam da águas que vertem das represas
do sistema- hoje reduzidas à metade da defluência normal, diz que a
Sabesp foi imprudente e atrasou as decisões de remanejamento das fontes
de abastecimento de água e continuou, durante a estiagem de dezembro,
janeiro e fevereiro, “retirando aproximadamente 31 m³/segundo, levando
os reservatórios a níveis abaixo de 20%, considerados altamente
críticos”.
O Governo Alckmin, que tinha o compromisso de liberar 12 m³ de água
das barragens, para que os rios possam abastecer as cidades do interior,
está soltando apenas pouco mais de 3 m³, o que está jogando o problema
da falta d´água nas costas das prefeituras.
Já não é uma questão de saber se vai faltar água em São Paulo, mas de
quando vai faltar. Porque mesmo chuvas fortes, com as do início do mês,
não podem resolver a situação quando o sistema atinge níveis muito
críticos. São Paulo já teve 80% das chuvas previstas para março e o
cantareira segue baixando, porque os reservatórios já não têm massa de
água suficiente para administrar a irregularidade das afluências.
É claro que se as chuvas continuarem com essa intensidade, vai
melhorar, e isso, agora, já não é um estudo climático, é uma torcida
fervorosa de todos nós. Mas a situação atual é a de que a principal
barragem, a Jaguari-Jacareí, que tem mais de 80% da capacidade do
sistema já não tem pressão sequer para mandar o máximo de água possível,
porque abaixo da cota de 829 metros sobre o nível do mar a vazão do
túnel de saída perde intensidade e não opera os 29 m³ por segundo.
Os valores mínimos de operação do Cantareira foram rebaixados em 2004, quando o então secretário tucano Mauro Arce afirmou
que com a cota 827,53 metros s.n.m representava apenas 1,6% de
acumulação. Há um mês, quando a Sabesp dizia que Jaguari-Jacareí tinha
16% de água, a represa estava na cota 826.
Agora, segundo o próprio site da Sabesp, o volume é de 10,1% neste
reservatório, cujas saídas de água mais baixas estão na cota 818 metros.
Dificilmente há mais que três ou quatro metros de água captável na
represa.
E quanto mais se oculta a gravidade do problema da população, mais perto do desastre se fica.
Tudo o que está dito aqui está publicado. Mas parece que os jornais
tratam as afirmações de Geraldo Alckmin sobre o abastecimento de água de
São Paulo como aquele personagem de um antigo comercial de TV:
- La garantía soy yo!
Tijolaço
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