terça-feira, 11 de março de 2014

Órgão técnico confirma o que a imprensa não dá: Cantareira entrou em colapso

10 de março de 2014 | 17:58 Autor: Fernando Brito
cantareiraseca1
O tucanismo e a incompetência dos jornais paulistas repetiu, repetiu e repetiu as explicações oficiais do Governo de São Paulo.


Explicações distorcidas, como este Tijolaço vem mostrando e detalhou hoje cedo.


Agora, não é mais um blog quem diz que o Governo paulista está agindo irresponsavelmente e escondendo as informações sobre a situação dramática do abastecimento de água da grande São Paulo.


É o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, o órgão técnico que deveria estar administrando o uso da água, que foi usurpado pela Sabesp, porque ela está agindo fora do plano de outorga que lhe dá direito a administrar as comportas das represas.


O órgão, agora há pouco, segundo o Estadão, divulgou uma nota de esclarecimento “acusando o governo do Estado e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) de transmitirem “a falsa impressão” de que o problema da falta de água está controlado”.


O grupo, formado por engenheiros e representantes de 73 municípios integrantes das bacias que se alimentam da águas que vertem das represas do sistema- hoje reduzidas à metade da defluência normal, diz que a Sabesp foi imprudente e atrasou as decisões de remanejamento das fontes de abastecimento de água e continuou, durante a estiagem de dezembro, janeiro e fevereiro, “retirando aproximadamente 31 m³/segundo, levando os reservatórios a níveis abaixo de 20%, considerados altamente críticos”.


O Governo Alckmin, que tinha o compromisso de liberar 12 m³ de água das barragens, para que os rios possam abastecer as cidades do interior, está soltando apenas pouco mais de 3 m³, o que está jogando o problema da falta d´água nas costas das prefeituras.


Já não é uma questão de saber se vai faltar água em São Paulo, mas de quando vai faltar. Porque mesmo chuvas fortes, com as do início do mês, não podem resolver a situação quando o sistema atinge níveis muito críticos. São Paulo já teve 80% das chuvas previstas para março e o cantareira segue baixando, porque os reservatórios já não têm massa de água suficiente para administrar a irregularidade das afluências.


É claro que se as chuvas continuarem com essa intensidade, vai melhorar, e isso, agora, já não é um estudo climático, é uma torcida fervorosa de todos nós. Mas a situação atual é a de que a principal barragem, a Jaguari-Jacareí, que tem mais de 80% da capacidade do sistema já não tem pressão sequer para mandar o máximo de água possível, porque abaixo da cota de 829 metros sobre o nível do mar a vazão do túnel de saída perde intensidade e não opera os 29 m³ por  segundo.


Os valores mínimos de operação do Cantareira foram rebaixados em 2004, quando o então secretário tucano Mauro Arce afirmou que com a cota 827,53 metros s.n.m  representava apenas 1,6% de acumulação. Há um mês, quando a Sabesp dizia que Jaguari-Jacareí tinha 16% de água, a represa estava na cota 826. Agora, segundo o próprio site da Sabesp, o volume é de 10,1% neste reservatório, cujas saídas de água mais baixas estão na cota 818 metros. Dificilmente há mais que  três ou quatro metros de água captável na represa.


E quanto mais se oculta a gravidade do problema da população, mais perto do desastre se fica.
Tudo o que está dito aqui está publicado. Mas parece que os jornais tratam as afirmações de Geraldo Alckmin sobre o abastecimento de água de São Paulo como aquele personagem de um antigo comercial de TV:

- La garantía soy yo!



Tijolaço

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