Ex-presidente da Petrobras disse que foi convidado
pela bancada do PT na Câmara para "esclarecer fatos e combater as
versões fantasiosas e eleitoreiras que estão sendo veiculadas" sobre a
compra da refinaria pela estatal, em 2006; segundo ele, a Petrobras
pagou US$ 486 milhões, e não US$ 1,1 bilhão por Pasadena; além disso,
Gabrielli explicou que o grupo belga Astra Oil não pagou apenas US$ 42
milhões na parte da refinaria porque teve que pagar dívidas que passaram
de US$ 200 milhões; "uma mentira repetida inúmeras vezes vira verdade",
disse José Sérgio Gabrielli; encontro aconteceu a portas fechadas
Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli disse hoje (8) que
as informações divulgadas sobre a compra da Refinaria de Pasadena, nos
Estados Unidos, são "mentirosas", ao falar sobre o negócio com deputados
petistas. Entre as informações apresentadas pelo ex-dirigente da
estatal, está a de que o preço pago pelo sócio belga Astra inclui, além
dos US$ 42 milhões já conhecidos, o pagamento de dívidas que chegariam a
mais de US$ 200 milhões. Além disso, o preço pago pela Petrobras foi
US$ 486 milhões, e não US$ 1,1 bilhão, segundo garantiu.
Como em outras vezes em que esteve no Congresso Nacional para falar
sobre o assunto, Gabrielli mostrou números que, segundo ele, comprovam
que o negócio transcorreu de forma legal e adequada. A compra da
refinaria está sendo investigada pela Polícia Federal, pelo Tribunal de
Contas da União, Ministério Público e Congresso Nacional por suspeita de
superfaturamento e evasão de divisas. Os parlamentares governistas que
participaram do encontro a portas fechadas se declararam tranquilos em
relação ao negócio.
Segundo Garbielli, nas contas que vêm sendo divulgadas, não têm sido
incluídos os valores que o grupo belga Astra Oil, responsável pela
compra da outra metade das ações da refinaria, em 2006, pagou em
dívidas, passivos trabalhistas e investimentos para adequação ambiental
daquela indústria.
O ex-dirigente da estatal explicou que foi convidado pela bancada do
partido para "esclarecer fatos e combater as versões fantasiosas e
eleitoreiras que estão sendo veiculadas". Segundo ele, "uma mentira
repetida inúmeras vezes vira verdade". De acordo com o ex-presidente, o
grupo belga Astra não pagou apenas US$ 42 milhões na parte da refinaria
porque teve que pagar outros valores em dívidas que chegaram a mais de
US$ 200 milhões.
"E a Petrobras pagou US$ 486 milhões, e não US$ 1,1 bilhão. A
diferença foi referente a estoques que foram vendidos, despesas
bancárias para garantir a comercialização do produto e despesas
judiciais. Foi um negocio absolutamente normal", detalhou.
Segundo ele, outra ideia falsa "implantada" pela oposição é a de que a
compra foi um mau negócio. "Foi um bom negócio, que refletiu a
estratégia [da estatal] de conseguir refino nos Estados Unidos. É falso
dizer que foi ruim", disse. A explicação de Gabrielli é a de que a
refinaria é um negócio que foi afetado pelas mudanças no mercado
decorrentes da crise internacional de 2008 e do aproveitamento do gás de
xisto pelo mercado norte-americano.
Na conversa com jornalistas, depois da reunião da bancada do PT, o
ex-presidente da Petrobras ainda explicou que a cláusula Marlim foi
considerada inválida pela Justiça dos Estados Unidos, na disputa
judicial entre a Petrobras e a Astra. Ele ainda disse que a cláusula do
tipo Put Option também não prejudicou a estatal "É um acordo de
divórcio. Uma cláusula normal quando se refere a grandes negócios.
Continuo defendendo que o negocio foi correto", disse.
As cláusulas foram omitidas em um resumo executivo elaborado pela
área internacional da Petrobras, comandada pelo ex-diretor Nestor
Cerveró. O documento provocou uma crise depois que o Planalto divulgou
nota explicando que a autorização do negócio dada pelo conselho de
administração da empresa, presidido na época por Dilma Rousseff, então
ministra da Casa Civil, se baseou em relatório com informações
incompletas sobre o negócio.
Gabrielli acrescentou que quem tomou a iniciativa de entrar na
Justiça em 2008 foi a Petrobras, que queria modernizar a refinaria. Em
julho de 2008, o grupo Astra entrou contra a Petrobras alegando que
tinha que ser aplicada a cláusula Marlin. "Em 2012, a Justiça concluiu
que a cláusula Marlin não é válida e que o cálculo seria feito a partir
da Put Option, considerando os termos do contrato original, dentro das
condições econômicas da época", explicou.
Com as informações nas mãos, o PT decidiu que não vai tentar dialogar
com a oposição para tentar barrar os impasses em torno da instalação de
uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as denúncias.
"Quem disse que não queremos CPI?", questionou o líder do PT na Câmara
dos Deputados, Vicentinho (SP), ao falar das assinaturas recolhidas para
uma comissão de inquérito ampliada para investigar outras denúncias,
como o do metrô de São Paulo. "Estamos dispostos e queremos que a Mesa
[do Congresso] defina, para apurarmos todos esses casos", afirmou.
A compra da refinaria é um dos negócios da Petrobras que estão na
lista de investigação que partidos da oposição querem fazer no
Congresso, a partir de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). Mas a
instalação desse colegiado e as dimensões que a CPI deve ter, tanto em
relação ao objeto de apuração quanto ao tamanho (se uma CPI exclusiva do
Senado ou mista) ainda esbarra em impasse entre as bancadas da oposição
e do governo.
Brasil 247
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