A Justiça da Suíça bloqueou US$ 6,8 milhões depositados em nove
contas secretas em Genebra e Zurique por suspeitar que o dinheiro
resulte de esquema de corrupção montado pelo DEM no governo de Brasília,
quando eram governadores governadores José Roberto Arruda e Paulo
Octávio, ambos filiados à época a este partido. O escândalo ficou
conhecido como mensalão do DEM.
A notícia está publicada no O Estado de S.Paulo de hoje, com base em
documento obtido com exclusividade pelo jornal. Depois que as contas
foram congeladas no ano passado, já ocorreram duas tentativas de
desbloqueá-las, inúteis, porque a justiça suíça diz “nutrir dúvidas
quanto à origem dos fundos”.”Não tem fundamento”, diz o advogado de
defesa do ex-governador Arruda, Nélio Machado, ao negar relação de seu
cliente com as contas. O ex-governador Arruda e seu ex-vice, Paulo
Octávio, cogitam disputar as eleições de outubro próximo.
As autoridades suíças começaram as investigações após receberem
informações da Procuradoria-Geral da República (PGR) do Brasil segundo
as quais, as apurações aqui apontavam indícios de lavagem de dinheiro e
de remessa de quantias desviadas do governo do Distrito Federal para
contas bancárias em Genebra e Zurique.
37 denunciados por envolvimento no mensalão do DEM
O Ministério Público (MP) da Suíça abriu, então, “instrução penal”
para apurar “diversas contas”, o que levou ao bloqueio dos quase US$ 7
milhões nessas nove. O repórter Jamil Chade, na matéria no Estadão,
lembra que três meses antes de pedir ajuda à Suíça, a PGR denunciou ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ) 37 pessoas sob a acusação de desvio
de dinheiro público no mensalão do DEM. Os denunciados negam relação com
as contas na Suíça.
Entre os acusados, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto
Arruda e o ex-vice Paulo Octávio (governaram Brasília de 2007 a 2010).
Na época do escândalo eles eram filiados ao DEM. Quando o escândalo
estourou, em fins de 2009, por delação do secretário de governo do DF,
Durval Barbosa (também denunciado como um dos beneficiários do esquema),
o governador Arruda e outros membros de seu governo apareceram em
vídeos recebendo maços de dinheiro.
O documento da Justiça da Suíça obtido pelo Estadão fala em “37
pessoas acusadas de participar de desvios de dinheiro público e de atos
de corrupção de funcionários do Estado”. Também diz que uma delas,
identificada apenas como “H”, “é acusada de ter cometido atos de
corrupção ativa e lavagem de dinheiro”. E cita também o envolvimento de
“J”, um “ex-governador do Distrito Federal suspeito de ser o responsável
pela organização criminal ativa em atos de corrupção visados pelo
procedimento estrangeiro”.
Arruda e Paulo Octávio pretendem disputar eleições de outubro
O documento suíço diz ainda que “H” controla várias empresas e
mantinha “relações comerciais com o Distrito Federal no domínio de
serviços de informática”. “Com o objetivo de estabelecer novas relações
comerciais com o governo (do DF) e ou de manter as relações já
existentes, H teria dado vantagens financeiras a J, então governador (…)
e seus cúmplices, retirando um porcentual do montante das faturas pagas
pelo governo do DF às empresas de seu grupo.”
A Justiça do país europeu diz ainda no texto que “entre 2006 e 2010
sua sociedade teria recebido mais de R$ 45 milhões do governo do DF. Ele
(H) é acusado ainda de ter, entre fim de 2005 e início de 2006,
financiado a campanha eleitoral de J no valor de R$ 1 milhão, em troca
de promessas de futuros contratos dados pelo governo do DF às sociedades
de seu grupo”. “No fim de 2006, H teria obtido um contrato de cerca de
R$ 9,8 milhões em favor de sua sociedade”. A investigação chegou à
constatação que “H” abriu pelo menos duas das nove contas sob suspeita,
ambas em Genebra.
Blog do Zé Dirceu
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