segunda-feira, 10 de março de 2014

Saudosas da ditadura, as marchadeiras estão de volta 50 anos depois





Inacreditável! Impossível! Absurdo! Mas não é que as marchadeiras de 64 estão ressuscitando! Obviamente não são as mesmas, porque se passaram já 50 anos. Falamos da volta do espírito delas. Há um grupo de mulheres convocando para o próximo dia 22, no centro da capital paulista,  uma reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada meio século atrás, entre a deflagração e a consolidação do golpe militar que implantou a ditadura militar no Brasil.



Vão reeditar a marcha para pedir a volta dos militares ao poder.”Vamos comemorar, gente, 50 anos da nossa revolução. Uma data bonita, histórica; e que devemos estar aqui, todos unidos, para mostrar que o gigante não dormiu”, escreve Cristina Peviani, uma das organizadoras do ato, na convocação para a reedição da Marcha – do “evento”, como chamam – que está sendo feita pela internet.


Nada contra o livre direito de manifestação – direito sagrado, garantido pela nossa Constituição e que respeitamos. Inclusive o outro lado, o dos democratas, amantes da liberdade e que resistiram e combateram a ditadura, também programam atos de protesto contra o golpe para este mês em que se completa meio século da quartelada de 1964.


“Perigo vermelho”, ameaça de comunismo era só pretexto para o golpe


O absurdo e o inacreditável dessa história de reedição da Marcha da Família com Deus e pela Liberdade é que a Guerra Fria que “justificava” aquele movimento acabou há muito tempo; o Brasil se redemocratizou já há 29 anos (desde 1985); não pairam mais dúvidas de que a ditadura que durou 21 anos provocou um retrocesso no país de no mínimo o dobro disso, de uns 50 anos;  e o país nunca esteve ameaçado de ser dominado pelo “perigo vermelho”. E essa gente ainda tem a coragem de vir a público defender aquela quartelada. E pedir a volta dos militares ao poder!


Para melhor debater aquele momento e estes 50 anos que se seguiram, melhor participar da Marcha antifascista marcada para o dia 31 de março – o golpe foi em 1º de abril. “Setores ultrarreacionários querem trazer de volta a marcha que deu aval ao golpe de 64 no Brasil”, lembra no Facebook a página em que a Ação Antifascista Brasil e o Movimento Popular Revolucionário convocam o outro lado para o protesto que organizam, programado para o dia 31.


Essa reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, reeditada pelas marchadeiras saudosas da ditadura,  lembra aqueles ônibus, kombis, e caminhões que despejavam multidões (que nem sabiam para onde iam e porque haviam sido convocadas) na Praça da República em março/abril de 64 e que o ex-ministro José Dirceu via da janela do escritório de advocacia em que trabalhava, na mesma praça, num de seus primeiros empregos em São Paulo.



Blog do Zé Dirceu

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