Inacreditável! Impossível! Absurdo! Mas não é que as marchadeiras de
64 estão ressuscitando! Obviamente não são as mesmas, porque se passaram
já 50 anos. Falamos da volta do espírito delas. Há um grupo de mulheres
convocando para o próximo dia 22, no centro da capital paulista, uma
reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada meio
século atrás, entre a deflagração e a consolidação do golpe militar que
implantou a ditadura militar no Brasil.
Vão reeditar a marcha para pedir a volta dos militares ao
poder.”Vamos comemorar, gente, 50 anos da nossa revolução. Uma data
bonita, histórica; e que devemos estar aqui, todos unidos, para mostrar
que o gigante não dormiu”, escreve Cristina Peviani, uma das
organizadoras do ato, na convocação para a reedição da Marcha – do
“evento”, como chamam – que está sendo feita pela internet.
Nada contra o livre direito de manifestação – direito sagrado,
garantido pela nossa Constituição e que respeitamos. Inclusive o outro
lado, o dos democratas, amantes da liberdade e que resistiram e
combateram a ditadura, também programam atos de protesto contra o golpe
para este mês em que se completa meio século da quartelada de 1964.
“Perigo vermelho”, ameaça de comunismo era só pretexto para o golpe
O absurdo e o inacreditável dessa história de reedição da Marcha da
Família com Deus e pela Liberdade é que a Guerra Fria que “justificava”
aquele movimento acabou há muito tempo; o Brasil se redemocratizou já há
29 anos (desde 1985); não pairam mais dúvidas de que a ditadura que
durou 21 anos provocou um retrocesso no país de no mínimo o dobro disso,
de uns 50 anos; e o país nunca esteve ameaçado de ser dominado pelo
“perigo vermelho”. E essa gente ainda tem a coragem de vir a público
defender aquela quartelada. E pedir a volta dos militares ao poder!
Para melhor debater aquele momento e estes 50 anos que se seguiram,
melhor participar da Marcha antifascista marcada para o dia 31 de março –
o golpe foi em 1º de abril. “Setores ultrarreacionários querem trazer
de volta a marcha que deu aval ao golpe de 64 no Brasil”, lembra no
Facebook a página em que a Ação Antifascista Brasil e o Movimento
Popular Revolucionário convocam o outro lado para o protesto que
organizam, programado para o dia 31.
Essa reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, reeditada
pelas marchadeiras saudosas da ditadura, lembra aqueles ônibus,
kombis, e caminhões que despejavam multidões (que nem sabiam para onde
iam e porque haviam sido convocadas) na Praça da República em
março/abril de 64 e que o ex-ministro José Dirceu via da janela do
escritório de advocacia em que trabalhava, na mesma praça, num de seus
primeiros empregos em São Paulo.
Blog do Zé Dirceu
Nenhum comentário:
Postar um comentário