Segundo Marco Aurélio Garcia, assessor da
Presidência brasileira, o "país não parou" e há uma "valorização
midiática": “Já estive aqui em outros momentos, como em 2002, e vejo que
na época a crise era muito mais grave que agora, mas a dimensão dada
neste momento, especialmente pelos veículos de comunicação
internacionais, passa uma imagem de algo maior do que realmente é”; ele
afirma que o presidente Nicolas Maduro deseja expor situação a
presidentes da Unasul
Opera Mundi
- Os protestos na Venezuela diminuíram de intensidade nos últimos dias e
foram superestimados pela imprensa estrangeira. Essa é a avaliação de
Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para
Assuntos Internacionais. Um dia depois de se reunir com o presidente
Nicolás Maduro, o funcionário do governo brasileiro afirmou nesta
quinta-feira (06/03) que o "país não parou" e que há uma "valorização
midiática" do que acontece em território venezuelano.
"Já estive aqui em outros momentos, como em 2002, e vejo que na época
a crise era muito mais grave que agora, mas a dimensão dada neste
momento, especialmente pelos veículos de comunicação internacionais,
passa uma imagem de algo maior do que realmente é", opinou.
Garcia disse à Agência Brasil que teve boa conversa com o presidente
venezuelano e que Maduro acredita, segundo ele, que "a situação tende a
se estabilizar, pois já está muito mais calma que nos dias anteriores.
Além disso, ele estuda a viabilidade de uma reunião com a Unasul [União
das Nações Sul-Americanas] para conversar sobre a situação". Caracas
reiterou hoje o seu desejo da realização de um encontro entre
presidentes do bloco.
O assessor brasileiro da Presidência da República disse que conversou
durante cerca de 40 minutos com o presidente Maduro e considerou que o
chefe de Estado venezuelano estava tranquilo, com a percepção de que os
protestos já diminuíram no país e ocorrem apenas em regiões específicas,
com menor intensidade que no início das manifestações, há três semanas.
Ele disse que conversou também com diplomatas brasileiros e de outros
países, que vivem em Caracas, que têm também a sensação de que existe
um exagero em relação aos protestos. "O país não parou, as coisas estão
funcionando, apesar dos problemas e protestos", disse.
Segundo o assessor, o presidente Maduro começará uma contraofensiva e conversará com meios de comunicação estrangeiros, como a CNN e outras agências internacionais, para "aclarar os fatos".
Quanto aos protestos, a Conferência Nacional de Paz, convocada por
Maduro, conta com apoio da Igreja Católica, que está dialogando com as
bases do movimento estudantil. "Também há alguns setores da oposição que
estão conversando com o governo", afirmou.
Garcia contou que soube hoje de outra medida de possível adoção pela
Assembleia Nacional, que "seria a convocação de uma comissão observadora
da Unasul para vir ao país". Ele afirmou que o presidente da
Assembleia, Diosdado Cabello, pretende convocar a Unasul.
"Aliás, a única instância que o governo Maduro já anunciou aceitar, caso seja necessária uma mediação", destacou.
Garcia disse que deixava a Venezuela otimista: "Na verdade, estamos
sempre atentos com o que acontece aqui, e não porque estávamos
preocupados, mas levo uma visão mais clara do que está acontecendo".
(*) com Leandra Felipe, da Agência Brasil
Brasil 247
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